Francisco Dias, “Besta II”, 2019, água-tinta de açúcar sobre papel, 35 x 50 cm.
Um trabalho onde se repensa e explora o conceito de território, fronteira e limite.
Três elementos essenciais para este projeto: -A mancha -Pina Bausch -O movimento
Porquê a mancha? O uso da mancha foi algo que surgiu já nos meus esboços livres. Ao assistir o filme Pina de Wim Wenders, surgiu-me o desejo de explorar a capacidade da mancha como a representação de um território. Mais importante ainda, as peças de Pina Bausch abriram-me o desejo de explorar o movimento. Impressionou-me a forma como os corpos são explorados no seu potencial e o leque de sentimentos que uma coreografia pode trazer.
Depois de assistir ao filme Pina, passei aos esboços - estudos cuidadosos da mancha. Recorrendo às aguadas de tinta permanente e tinta-da-china, estudei o pigmento, a água, a absorção do papel, os tempos de seca, e a interação das manchas entre si. Eventualmente já tratava das manchas como bailarinos, a folha de papel como palco e os esboços como peças de dança contemporânea. Quem diz bailarinos diz territórios.
O movimento vi-o estampado na folha. Durante o processo apercebi-me de que a aguada sofre transformações desde o momento em que é pousada até ao momento em que seca. Dependendo da quantidade de água, o pigmento chega a acumular-se ou criar texturas diferentes. Por vezes a aguada esgueira-se para zonas mais húmidas e seca nessa posição, como se fosse um ser vivo. Todos estes acontecimentos veem-se gravados no trabalho final.
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