Inês Cadete, “S/título”, 2020, água-tinta e água-forte sobre papel, 15 x 21 cm.
Como apresentação ao tema, alguns membros da ECOS partilharam as suas histórias connosco para termos um ponto de partida tanto conceptualmente como visualmente. O relato que mais me chamou á atenção foi o de Fernando Cardoso, devido às fortes descrições visuais e sensitivas. Decidi que não queria fazer apenas uma obra em serigrafia e outra em gravura, mas algo que em conjunto, contasse uma história.
Sou bastante influenciada pelo meu quotidiano por isso alguns temas que achei interessantes trabalhar foram José Mário Branco e a sua musicalidade e “A Oeste nada de Novo” de Erich Maria Remarque, livro que andava a ler na altura, e cujo o próprio autor se tinha visto obrigado a exilar . À medida que ia desenvolvendo propostas criativas apercebi-me que estava a tentar retratar uma situação pela qual eu nunca tinha passado. Este sentimento dificultou a minha expressão e criatividade. Depois de pensar bastante sobre o assunto, percebi que precisava de trabalhar com algo relacionado ao tema que fosse mais pessoal para mim. Lembrei-me instintivamente do meu pai, que nasceu em África e viu-se obrigado a fugir para Portugal devido à Guerra civil, uma consequência direta da Guerra Colonial. Fiz-lhe uma pequena entrevista onde anotei uma cronologia da sua vida nessa altura e recolhi fotos e referências visuais. A partir daí comecei a trabalhar nos projetos de Gravura e Serigrafia. Para o projeto de gravura quis focar-me nas histórias que o meu pai me contou sobre quando esteve na Guerra civil em África. Em contraste com serigrafia onde o tema também era algo forte e pesado mas foi representado com inocência, queria que para gravura fosse uma representação mais crua e violenta.
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