Francisco Dias, “S/ título”, 2020, serigrafia a quatro cores, 35 x 50 cm.
Por vezes, o raciocínio humano vê-se refletido em muitos acontecimentos naturais - de tal maneira que a natureza parece estar carregada de metáforas. Neste projeto, ao abordar o tema do exílio, apropriei-me da natureza para construir uma paisagem da opressão.
Tendo em conta o tema que me foi proposto, tratei de selecionar uma série de documentos que comprovem situações de crueldade entre seres vivos e no meio selvagem - situações autênticas, que carregam consigo um grau de crueldade que só nós conseguimos avaliar, e que para a natureza mostram-se perfeitamente justificáveis. Os excertos demonstram como para a natureza não há dúvidas daquilo que é necessário sacrificar ou arriscar pela vida. Os seus valores são claros, práticos e objetivos mas estão muito longe dos valores humanitários que a civilização partilha.
A composição está construída de forma a transmitir visualmente o tema e o conceito do projeto. Com as imagens que retirei da aranha-pavão e do processo de reprodução das vespas construí uma paisagem de cores nefastas e de cortes bruscos e ríspidos - uma paisagem do fascismo. Associei facilmente o processo de reprodução das vespas com o sistema tóxico de influências e de educação de um estado fascista sobre a população. No canto inferior esquerdo vê-se uma cria de ave a cair para o vazio. É o exilado, que se vê obrigado a saltar de um lugar injusto, como que a abandonar um navio, sem certezas do que o espera do outro lado.
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