Rita Anahory, "Se água houvesse aqui" 2020, verniz mole sobre papel, 42 x 29,7 cm.
Nessa mesma conversa com Fernando Cardoso, interessei me por um outro comentário que fez onde conclui que o pior de tudo, de todo o seu tempo de exílio, era ter de sofrer e participar numa guerra. Uma guerra que não era sua. Isso fez com que surgisse uma guerra pessoal. Participasse na sua própria guerra, no seu próprio campo de batalha.
Tive em conta algumas referências como, as pinturas de João Queiroz e as gravuras de Leonardo da Vinci, pois ambas se identificam com o tipo de paisagem e traço que desenvolvi. Começaram a surgir traços que caracterizavam bem este sentimento de isolamento, deserto abandono. Algo muito seco e assustador. O uso do lápis sanguínea ajudou a retratar melhor este conceito. Opto por utilizar a técnica de verniz mole pois essa seria a que melhor poderia manter o traço de lápis e as texturas da proposta escolhida. Dou o título à gravura com base num texto de Thomas Eliot, “The Waste Land” , que transmite fortemente toda a ideia e conceito que desenvolvi. Fala da degradação da terra e de como ela pode ser seca.
"Aqui de pé não se fica e ninguém se deita ou senta (...) Se água houvesse aqui E não rocha Se aqui houvesse rocha Que água também fosse"
Escolho um verso que diz “Se água houvesse aqui”.
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