Francisco Dias, “Desapego”, 2020, água-forte e verniz mole sobre papel, 35 x 50 cm.
O exílio pode ser visto como uma transição, um despegar. Pode ser um processo tanto doloroso como libertador. Trata-se da escolha de sair do país onde se nasceu e cresceu, de onde remontam as nossas raízes culturais, os nossos apegos emocionais e as nossas ligações de sangue.
Por outro lado, é a escolha (ou necessidade) de se libertar de um organismo profundamente decadente e opressor, como foi Portugal na época do fascismo.
Na minha gravura decidi celebrar a coragem do exilado e a força de escolher ser livre sem ignorar o processo que é desapegarmo-nos do nosso berço e começar de novo.
Portanto, a minha proposta final é uma espécie de díptico. Do retângulo inferior esquerdo emana o silêncio, a opressão, a rigidez e rispidez do velho regime. Como que se de um desfiar se tratasse, o exilado puxa-se para fora desse território, mas é um processo que começou, e os fios do apego e do passado insistem em ligá-los aos dois.
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