Rita Anahory, "A preto e branco" 2020, serigrafia a cinco cores, 29,7 x 42 cm.
Como resposta ao enunciado, desenvolvi o meu trabalho com base num comentário dito por Fernando Cardoso, um dos testemunhos que tivemos oportunidade de ouvir em contexto de debate e conversa em aula. Contou algumas memórias que leva consigo do seu exílio e dos dias de fuga que viveu. “Ao chegar a Paris, parece que de repente toda a cidade era a cores, ao contrário daquela que deixámos. A cidade de Lisboa a preto e branco.” Interessante como hoje talvez vemos as coisas ao contrário. Lisboa uma cidade de bom tempo e a cores e Paris sempre tapado de nuvens e triste. Mas foram os tempos e os acontecimentos daquela altura que fizeram Fernando e muitos outros ver as coisas de maneira única. A mim, tocou me este contraste de cores. Não o que os olhos distinguem, mas sim o coração e aquilo que estamos a sentir. Inconscientemente faz-se a separação. Foi então este conceito de preto e branco marcado por uma mudança de cores vivas que procurei retratar. Surgiu uma forte ideia de sociedade limitada e de um repentino rasgar e soltar marcado pela liberdade. Escolhi um último registo que fiz, pois criou uma composição forte no que diz respeito a cores e texturas. Comunicam uma sobreposição de algo delimitado e com barreiras, contrastado com enorme entusiasmo e sentimento eufórico. Escolho a minha proposta final, onde acidentalmente a mesa de madeira interfere de forma intensa com o registo escolhido. Opto por fazer a separação do meu trabalho em 5 cores: Castanho creme, Castanho escuro, Vermelho, Cinzento e Preto.
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